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Inclusão da Medicina Veterinária no FCAFS-SP coloca conceito de Uma Só Saúde em pauta


Representantes do CRMV-SP lideraram os primeiros passos desse movimento, que reforça o compromisso com a saúde integrada. Acompanhe as entrevistas

 

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) deu um passo significativo ao ingressar no Fórum dos Conselhos Atividades Fim da Saúde do Estado de São Paulo (FCAFS). A entrada do Regional no grupo, que reúne outros 13 conselhos profissionais da área da saúde, marca um reconhecimento da importância da Medicina Veterinária na promoção da saúde pública.

Atuando na prevenção e controle de zoonoses, que são doenças transmitidas entre animais e humanos, os médicos veterinários monitoram a saúde e bem-estar animal, bem como a segurança alimentar para garantir que produtos de origem animal sejam seguros para o consumo. Ao participar da pesquisa e vigilância de doenças importantes, e preservar a saúde dos animais, a Medicina Veterinária promove a interface essencial entre a saúde animal, humana, vegetal e ambiental, conceito conhecido como “Saúde Única”, recentemente renomeado no Brasil como “Uma Só Saúde” pelo Ministério da Saúde.

Foi durante a gestão 2015-2021, sob a presidência do médico veterinário Mário Eduardo Pulga, que a parceria entre o CRMV-SP e o FCAFS começou a se consolidar, e que o Fórum reconheceu a importância estratégica de integrar a Medicina Veterinária ao grupo de profissões da saúde. Ao seu lado estava a médica veterinária, Suely Stringary, conselheira do Regional. Juntos, desempenharam papel fundamental para a ampliação da visibilidade e atuação dos médicos veterinários nas políticas de saúde do estado de São Paulo.

Nesta entrevista, Pulga relembra os desafios e as oportunidades que surgiram ao integrar a Medicina Veterinária a um grupo tão diversificado de profissionais da saúde, destacando a visão estratégica e os esforços conjuntos que foram fundamentais para fortalecer a presença da profissão no cenário da saúde pública.

 

Durante sua gestão, o senhor foi membro do FCAFS e desempenhou um papel crucial na inclusão da Medicina Veterinária no Fórum. Conte-nos como foi o início dessa jornada, quais eram as principais dinâmicas e os temas mais discutidos? E como foi o processo de integrar a Medicina Veterinária nesse cenário?


MEP: O Fórum dos Conselhos já existia antes da nossa participação mais efetiva, mas sua atuação era ainda bastante limitada. Os Conselhos reconheciam a necessidade de uma maior integração entre si e de aumentar a influência do Fórum nas decisões dos Conselhos Estadual e Municipal de Saúde. Quando assumi a presidência do CRMV-SP, vi imediatamente uma oportunidade de fortalecer o conceito de Saúde Única dentro do Fórum. Esse conceito, embora amplamente discutido, ainda era pouco incorporado nas discussões, especialmente nos órgãos oficiais de saúde. Durante as reuniões mensais, traçávamos estratégias para influenciar diretamente as secretarias estadual e municipais de Saúde, buscando que as demandas das profissões presentes no Fórum fossem atendidas. Também nos empenhávamos para garantir que sugestões técnicas fossem levadas em consideração, especialmente nas áreas que envolviam a saúde pública. Nesses encontros, eu contava com a colaboração valiosa de médicos-veterinários especializados em saúde pública, como o Prof. Carlos Augusto Donini (in memoriam) e a Dra. Suely Stringari, que contribuíram significativamente para essas discussões.


Como foi a recepção do CRMV-SP no Fórum naquela época? Os membros do Fórum já tinham uma noção clara da importância da Medicina Veterinária dentro do grupo e do seu papel crucial na área da saúde, ou foi necessário um esforço maior para demonstrar o valor da participação ao lado das demais profissões da saúde?


MEP: Fomos muito bem recebidos no Fórum. As reuniões noturnas aconteciam inicialmente na sede do Conselho de Odontologia, na Avenida Paulista, e, mais tarde, na sede do Conselho de Farmácia, na Rua Capote Valente. Embora houvesse um entendimento claro sobre o conceito de Saúde Única, que ressaltava nossa importância, dado que cerca de 70% das doenças humanas são zoonoses, a presença da Medicina Veterinária nessas decisões ainda precisava ser fortalecida. Apesar desse reconhecimento, era necessário ampliar nossa participação como profissão nas discussões. Na maioria das vezes, eu era o único presidente de conselho a comparecer regularmente às reuniões.


O que mudou com a integração da Medicina Veterinária no Fórum? De que forma a Medicina Veterinária contribuiu com o grupo?


MEP: A integração foi plena, e nos destacamos como um dos Conselhos mais assíduos nas reuniões, sempre trazendo sugestões de pauta relevantes. Além disso, nos engajamos ativamente no desenvolvimento de propostas vindas de outros Conselhos, contribuindo de forma significativa para as discussões e para o avanço das questões debatidas no Fórum.


Sabemos que o senhor foi o responsável por sugerir a primeira Carta de Princípios do FCAFS. Como surgiu a necessidade de criar esse documento? Poderia nos contar como foi o processo de elaboração da Carta e quais foram os desdobramentos após sua implementação?


MEP: As ideias sempre surgiam de forma colegiada, e a criação da Carta de Princípios foi um marco essencial para o Fórum. Esse documento nos conferiu a legitimidade necessária como entidade, permitindo que nos apresentássemos às autoridades sanitárias como um grupo coeso, com grande capacidade técnica e pronto para atuar de maneira parceira e efetiva em prol da saúde pública, tanto municipal quanto estadual. A assinatura da Carta, que todos nós fizemos com grande convicção e expectativa, representou um verdadeiro divisor de águas para o Fórum, estabelecendo uma nova fase de atuação mais integrada e impactante.


Um dos temas mais impactantes que vocês abordaram nos últimos anos, especialmente devido à pandemia da Covid-19, foi o ensino a distância nas profissões da área da saúde e a qualidade desse ensino. Poderia comentar como foram as discussões sobre esse assunto nos encontros do Fórum, as articulações realizadas, e os resultados positivos que surgiram dessas iniciativas?


MEP: A crise na qualidade do ensino, que enfrentamos atualmente no País, já era uma preocupação muito antes da pandemia, que apenas agravou a situação. Durante a pandemia, as instituições de ensino foram forçadas a adotar o ensino a distância como única opção para manter o vínculo com os alunos. No entanto, muitas escolas se aproveitaram desse período para institucionalizar o modelo remoto, reduzindo custos e, consequentemente, aumentando os lucros. Esse tema já estava em discussão no Fórum antes da pandemia e, hoje, vemos os resultados do que considero um verdadeiro estelionato educacional. Não há como formar um profissional de saúde adequadamente sem os princípios básicos de treinamento técnico e manipulação presencial, independentemente da profissão em questão. Além disso, o aumento indiscriminado no número de escolas, seja na Medicina, Medicina Veterinária, Enfermagem, entre outras, é outra grande preocupação que discutimos no Fórum.


O senhor se recorda de algum evento ou momento significativo daquela época que tenha sido particularmente relevante para a Medicina Veterinária e para as demais profissões da saúde?


MEP: Na minha visão, o evento mais significativo resultado do trabalho desse grupo foi a designação da Medicina Veterinária como o Conselho representante do Fórum no Conselho Estadual de Saúde de São Paulo. Esse foi um marco inédito, e nossa representação foi conduzida com grande competência pela Dra. Suely Stringari.


Como a participação no Fórum e a presença no grupo contribuíram para a valorização da Medicina Veterinária?


MEP: Nossa presença constante no Fórum, com propostas bem fundamentadas e sempre alinhadas a Saúde Única, foi crucial para consolidar esse conceito entre todos os conselhos e para fortalecer o próprio Fórum. Esse engajamento contribuiu significativamente para a valorização da Medicina Veterinária e para o reconhecimento da importância da nossa contribuição no contexto da saúde pública. Foi extremamente gratificante conhecer novas pessoas, fazer amizades e aprender sobre as realidades e desafios das diferentes profissões. A experiência foi realmente enriquecedora.

 

Acompanhe a entrevista com a médica veterinária Suely Stringari, representante do FCAFS no Conselho Estadual de Saúde no período de 2015 a 2024.



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